Ator
decadente, história simples e um filme em preto e branco
Juntar
Alexandre Payne, diretor americano que apresenta doses de humor negro
em seus filmes, além de críticas sobre a sociedade estadunidense
contemporânea, como em As
Confições de Shmidt
e Sideways
– Entre Umas e Outras,
e Bruce Dern, ator de 35 anos que, apesar de sua carreira decadente,
tem atuação exemplar, foram os ingredientes que fizeram o longa
Nebraska
digno de seis indicações ao Oscar 2014.
Para
começo de conversa, Payne optou por retratar a história em preto e
branco, com transições do cinema clássico entre uma cena e outra.
Logo depois, a trilha sonora country e melancólica, de Mark Orton,
completa o pacote. Tudo isso funciona em perfeita sintonia com o
elenco de ponta.
Na
estrada, do começo ao fim, Nebraska mostra o cotidiano simples de
Woody Grant, ex-militar, que acredita ter ganhado US$ 1 milhão de
uma propaganda enganosa. Sem condições físicas, ele decide viajar
até Lincoln, em Nebraska, para retirar o prêmio. Para isso, conta
com a ajuda de seu filho David. Durante a viagem, a relação entre
pai e filho se torna cada vez mais próxima, fazendo emergir a
complexidade que sustenta as relações familiares.
Seu
intérprete, Bruce, melhor ator em Cannes, se entrega à atuação
sólida, detalhista e, ao mesmo tempo, cativante. O público consegue
identificar perfeitamente qual é o objetivo do triste personagem e
perceber a simplicidade dos sonhos que tem. Junto com ele, June
Squib, indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante, vive a
impaciente – porém apaixonada – esposa de Woody.
O
prato principal está no roteiro escrito por Bob Nelson, que faz sua
estreia nos cinemas narrando a história com humor simples, oriundo
do absurdo das situações e de personagens bastante curiosos, além
da pitada de emoção. A cada passo dos personagens, nos vêm a
pergunta sobre qual foi o percurso de suas vidas para que seus
relacionamentos se deteriorassem ao ponto de chegarem à situação
inicial do filme.
Nebraska
leva o espectador a viajar pelos sonhos e frustrações que perpassam
a realidade social americana. É trágico e cômico, assim como
nossas vidas, só para descobrir que dá para ser feliz mesmo com
pouco.