segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Nebraska

Ator decadente, história simples e um filme em preto e branco
Juntar Alexandre Payne, diretor americano que apresenta doses de humor negro em seus filmes, além de críticas sobre a sociedade estadunidense contemporânea, como em As Confições de Shmidt e Sideways – Entre Umas e Outras, e Bruce Dern, ator de 35 anos que, apesar de sua carreira decadente, tem atuação exemplar, foram os ingredientes que fizeram o longa Nebraska digno de seis indicações ao Oscar 2014.
Para começo de conversa, Payne optou por retratar a história em preto e branco, com transições do cinema clássico entre uma cena e outra. Logo depois, a trilha sonora country e melancólica, de Mark Orton, completa o pacote. Tudo isso funciona em perfeita sintonia com o elenco de ponta.
Na estrada, do começo ao fim, Nebraska mostra o cotidiano simples de Woody Grant, ex-militar, que acredita ter ganhado US$ 1 milhão de uma propaganda enganosa. Sem condições físicas, ele decide viajar até Lincoln, em Nebraska, para retirar o prêmio. Para isso, conta com a ajuda de seu filho David. Durante a viagem, a relação entre pai e filho se torna cada vez mais próxima, fazendo emergir a complexidade que sustenta as relações familiares.
Seu intérprete, Bruce, melhor ator em Cannes, se entrega à atuação sólida, detalhista e, ao mesmo tempo, cativante. O público consegue identificar perfeitamente qual é o objetivo do triste personagem e perceber a simplicidade dos sonhos que tem. Junto com ele, June Squib, indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante, vive a impaciente – porém apaixonada – esposa de Woody.
O prato principal está no roteiro escrito por Bob Nelson, que faz sua estreia nos cinemas narrando a história com humor simples, oriundo do absurdo das situações e de personagens bastante curiosos, além da pitada de emoção. A cada passo dos personagens, nos vêm a pergunta sobre qual foi o percurso de suas vidas para que seus relacionamentos se deteriorassem ao ponto de chegarem à situação inicial do filme.
Nebraska leva o espectador a viajar pelos sonhos e frustrações que perpassam a realidade social americana. É trágico e cômico, assim como nossas vidas, só para descobrir que dá para ser feliz mesmo com pouco.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

I Love Kuduro

COBERTURA ESPECIAL FESTIVAL DO RIO 2013
Batida angolana ganha o mundo com sua originalidade

Angola, território de diversas culturas com línguas, costumes e origens diferentes. É de lá que vem o beat, criado no final dos anos 80, que se espalhou rapidamente entre os jovens africanos e agora por todo mundo: Kuduro. O Documentário I Love Kuduro, dirigido por Mário Patrocínio, mesmo diretor de Complexo: Universo Paralelo, narra como surgiu esse gênero musical urbano e explica como ele se tornou um fenômeno mundial.

Os narradores da história explicam a realidade e evidenciam as origens do ritmo angolano marcado pela batida pesada, pelas letras fortes e pelos graves distorcidos que se assemelham ao som dos funks cariocas. O que impressiona é como os jovens kuduristas conseguem achar a música em qualquer coisa que exprima som e a transforma em grandes sucessos.

Durante os 99 minutos de filme veem-se as mais idolatradas estrelas que fazem parte desse estilo de música. Figuras coloridas e altamente criativas nos divertem ao longo do filme com sua originalidade particular. A dupla de rappers Príncipe Ouro Negro e Presidente Gasolina transferem nossa atenção para um dialeto pitoresco criado por eles, além dos nomes inventivos que atribuem aos objetos.

Além de sensibilizar o espectador pela situação precária da maioria dos africanos, a narrativa documental mostra o que eles conseguem fazer com tão pouco recurso financeiro. (Nagrelha Chefe de Estado-Maior do Kuduro), Sabem (o príncipe), Francis Boy (o rei do swegue), Titica (a estrela transexual cintilante) e Cabo Snoop (o príncipe da África) são umas das celebridades que mais fazem sucesso por lá e que usaram sua criatividade musical para chegar ao estrelato.

O documentário é bem feito e não foge do tradicional (depoimentos, músicas, arquivos), mas é eficiente. A sensualidade impressa nos movimentos de quem dança Kuduro é um tanto veemente e ao mesmo tempo excepcional. I Love Kuduro deixa um gostinho de viajar para Angola e participar dessa mistura de ritmos que fazem o corpo mexer involuntariamente. O povo mais pobre do mundo mostra que tem identidade e sabe bailar.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Yema

COBERTURA ESPECIAL FESTIVAL DO RIO 2013

Sem diálogos entre os personagens, filme surpreende com cenas fortes

Como seria um filme dirigido e protagonizado por Djamila Sahraoui? O filme ganhou o Prêmio FIPRESCI de melhor direção no Festival de Dubai, em 2012, e podemos dizer que a habilidade de atuação de Sahraoui é bastante apreciável. Yema se passa em uma parte rural da Argélia e é extremamente gestual e simbólico.

Todo muçulmano tem de seguir a doutrina do Corão, mesmo que dificulte a relação entre mãe e filho. Ouardia, interpretada pela diretora, é uma mãe de dois filhos que se depara com as consequências da realidade de uma guerra civil entre o governo e rebeldes islâmicos. Ali, um dos seus filhos e líder de um grupo de radicais islâmicos, mata seu próprio irmão, um soldado do governo. O que mais impressiona no filme é como Ouardia lida com essa situação contrastante.

O diálogo entre os personagens de Yema é praticamente inexistente, porém é repleto de metáforas e gestos que encarnam a cultura islâmica. Em um universo rodeado de dor e desfigurado pela seca, a protagonista cria coragem para dar vida a sua horta, uma fonte de alimentação. A significativa ideia era representar a possibilidade de esperança em um mundo aparentemente sem perspectiva.  

O longa inicia com Ouardia se preparando para enterrar seu filho mais velho, morto pelo irmão. As cenas que Yema traz às telonas são fortes, porém não variam, o que contribui para deixar o filme um tanto monótono. A presença de uma trilha sonora tornaria mais interessante a narrativa, já que apenas o som ambiente é enaltecido.



Vale destacar que, apesar de ser um filme muito cansativo, Yema é um drama bem filmado e enfatiza apenas uma questão: até que ponto uma mãe pode suportar para garantir sua sobrevivência e o bem estar de sua família, vítima de fragmentação em consequência de uma guerra civil islâmica?

Computer Chess

COBERTURA ESPECIAL FESTIVAL DO RIO 2013
 
Uma frenética disputa entre a máquina e o homem
Ramon Tadeu
 
Em pleno século XXI um filme que tenta mostrar o ser humano ensinando a máquina a derrotar o homem através da inteligência artificial. Computer Chess é, ou pelo menos tenta ser uma versão cômica de um filme de trinta anos atrás, e deixa a desejar quando o assunto é uma boa produção.
 
Dirigido por Andrew Bujalski, que teve alguns de seus filmes estampados nas críticas do New York Times, Computer Chess leva o espectador para um período nostálgico da humanidade: uma frenética competição entre a tecnologia e capacidade intelectual do ser humano. No caso do filme o foco da tão avançada tecnologia são os jogos de Xadrez.
 
O longa fala de um final de semana em que grandes programadores de software de xadrez da época se reuniram para um importante torneio. A partir daí, os competidores tentam, de qualquer forma, encontrar uma maneira de vencer. O torneio retratado no filme é tido como especial. Isso porque é a primeira vez que uma mulher participa dele.
 
Além de tratar dos avanços dos jogos de xadrez, vale ressaltar que o filme combina tecnologia e as relações afetivas que existem entre os seres humanos. Patrick Riester estreia nos cinemas interpretando Peter Bishton, um jovem nerd que só pensa em ser um gênio da computação, porém está passando por uma fase de descobertas de seu próprio corpo.

Às vezes é possível rir com algumas cenas inesperadas e inusitadas, porém isso não consegue encobrir a monotonia do filme. O que nos faz refletir mesmo é até que ponto uma máquina pode ser melhor que o homem? Será que ela consegue derrotar ou controlar o ser humano? Parece ser um tanto contraditório, mas a relação entre o homem e a máquina sempre será estreita.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Quando eu era sombrio

COBERTURA ESPECIAL FESTIVAL DO RIO 2013

Filme não inova, mas faz refletir

O que é ser pai ou mãe? Para que temos filhos? O que fazer com eles? Quando eu era sombrio tenta responder imparcialmente essas questões nas telonas do cinema. A princípio, parece ser um filme de poucos diálogos, e realmente é. A reflexão talvez seja o principal requisito ostentado por um diretor com apenas três filmes no currículo, Matthew Porterfield.

O longa não traz nada de inovador, a não ser pelos atores. Deragh Campbell estreia nos cinemas interpretando Taryn, uma menina de 19 anos que se vê sem saída quando descobre uma possível gravidez. Sendo assim, procura refúgio na casa dos seus tios Kim (Kim Taylor) e Bill (Ned Oldham) que estão com o casamento em decadência e buscam a melhor maneira de separação sem prejudicar sua filha Abby.

Toda vez que os pais mudam, os filhos também mudam, mesmo que de forma inconsciente. Com Quando eu era sombrio também não é diferente, a cenas mudam de uma hora para outra involuntariamente. Várias questões ficam em aberto. Por que do nada Taryn e Abby estão em uum show de rock sem nenhuma ligação com uma cena anterior ou posterior? Por que um homem mergulha na piscina aleatoriamente? A sensação é que a cena anterior não foi acabada ou o diretor esqueceu de cortá-la.

As filmagens parecem ter sido feitas por alguém que não parava de tremer. O diálogo entre os personagens quase não existe, há uma sucessão de cenas que poderiam dizer muito com gestos, mas não dizem. Outro ponto negativo é o final que não supera as expectativas de quem assiste. Parece que o filme acaba de repente e nos deixa com o desejo de saber o que de fato aconteceu com os personagens.


Vale ressaltar que os atores não fizeram uma atuação tão ruim, o que deixa o filme um pouco mais interessante. Kim, quando canta, consegue saltar os ouvidos do telespectador e sobressai mais que a personagem principal, Taryn. O longa chegou a ser exibido nos Festivais de Sundance e Berlim de 2013, mas não conquistou uma premiação.

One Direction: This is us

Uma campanha publicitária que pode agradar fãs

One Direction: This is us é um documentário sobre como Harry Styles, Liam Payne, Louis Tomlinson e Zayn Malik, e Niall Horan, integrantes do One Direction, conquistaram a fama e milhares de fãns pelo mundo, mas é inegável que funciona como uma peça publicitária para lançar os garotos. O filme é dirigido por Morgan Spurlok, diretor que ficou conhecido com o lançamento de Super Size me – A Dieta do Palhaço.

A banda britânica foi formada em 2010 quando os rapazes que hoje integram o 1D participaram de um reality show na Inglaterra, o X Factor. Venceram em terceiro lugar, mas ficaram famosos mundialmente depois de assinar um contrato com a gravadora Sony Music e conseguir o topo de vendas nos EUA com Up All Night, álbum de estréia. Isso porque a internet favoreceu para que o sucesso dos cinco meninos decolasse.

Ao que parece, Spurlok não teve muito trabalho na direção do filme, pois não há uma preocupação em contar uma história linear. Durante os 92 minutos de filme cenas artificiais acompanham toda a narrativa. Ao tentar mostrar o cotidiano dos garotos muitas cenas foram montadas, perdendo totalmente a originalidade. Pouco é mostrado sobre a vida do quinteto e de como eles se tornaram um fenômeno, o que se vê são apenas garotos bagunceiros que só querem curtir uma vida rodeada pela fama.

O que pode saltar mesmo os olhos é a produção de Simon Cowell que também foi responsável por criar a banda. Isso colabora para enaltecer um marketin projetado em torno da banda. Cenas de um show do grupo realizado na O2 Arena, em Londres, se mesclam constantemente com os momentos de diversão dos garotos fora dos palcos, o que dá a sensação de estar assistindo a um grande show business, o filme não tem muito conteúdo.


Os fãs tem grande chance de gostar do que verão nas telonas. Tem várias cenas de shows, dos bastidores e das trapalhadas dos cinco. São muitas cenas em 3D que mostram os meninos sem camisa tentando ser o mias carismáticos que conseguem. Como o próprio neurocientista do filme disse, muita dopamina vai tomar o cérebro das fãs, e nem vão perceber que é apenas mais um produto de divulgação do One Direction.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Sabrina Sato cocentra atenção em coletiva de imprensa no Rio

“Acima de tudo a gente se divertiu”, diz o diretor do filme

A apresentadora de Pânico na Band , Sabrina Sato, estreia nas telonas em O Concurso, no papel de Martinha Pinel. Sua participação foi elogiada pelo diretor Pedro Vasconcelos, e pelos atores do longa em entrevista coletiva com jornalistas, na tarde de segunda-feira (8), no hotel Marina Palace, Leblon, Rio de Janeiro. “Sempre quis me ver nas telonas, aquelas bem robert”, comenta Sabrina. Estavam presentes também a atriz Carol castro, os atores Rodrigo Pandolfo e Érico Brás, além do produtor LG Tubaldini.

O Concurso conta a história de quatro jovens nerds que anseiam passar em um concurso público para Juiz Federal. Em um final de semana no Rio, as vésperas da prova, eles se metem numa maior roubada. Durante a viagem, Bernardinho, um dos quatro protagonistas, se encontra com Martinha Pinel, um caso de infância.

Pinel é uma mulher extremamente louca e apaixonada por Bernardinho, papel de Rodrigo Pandolfo, e é filha de um pai atirador de facas e mãe contorcionista. “Todo mundo teve muita paciência comigo e me ajudaram na construção do personagem. Tenho certeza que hoje todos eles vão pro céu”, brincou Sabrina.  A ex-BBB falou também de sua parceria com Pandolfo e soltou o verbo: “Beijei pra caramba, já tava na seca há um tempão”. Rodrigo rebateu: “Ela manda ver”.

Sato não é a única a invadir as salas de cinema pela primeira vez. Pedro Vasconcelos também é pioneiro na direção de um longa metragem. Acostumado a comandar trabalhos televisivos, Vasconcelos diz que foi um grande desafio. “Minha maior preocupação era não estragar um projeto que tava com cara de ser muito legal”, afirmou. Para ele não há muita diferença em dirigir um filme que dirigir para TV, porém exige esforço e dedicações maiores.

Rodrigo falou de seu personagem, e segundo ele, retrata alguns pedaços da história de sua própria vida. “O filme mostra além da realidade do ‘concurseiro’, a realidade do Brasileiro. Eu mesmo vim do interior de São Paulo para tentar a vida”, diz. Ele comentou também da experiência que teve: “Bernardinho foi o personagem que mais consegui brincar e estudar ao mesmo tempo. A parceria com o Pedro foi sensacional. Quero trabalhar com você pelo resta da minha vida”.

Na coletiva, Carol Castro contou que seu maior desafio foi achar um choro engraçado. “Quando o Pedro me falou para chorar engraçado fiquei me perguntando como ia fazer aquilo, porque além de ser engraçado, tinha que passar uma verdade”. A atriz vive a mulher de Freitas, um dos protagonistas da trama. “Foi um papel, sobretudo, diferente de tudo que já fiz, e tenho mais uma barriga para acrescentar ao currículo”, comenta ao falar de sua personagem.

Érico Brás, atualmente no seriado Tapas & Beijos, interpreta um travesti ousado e esbanjou humor ao falar sobre seu papel. “A princípio me pareceu estranho. Na minha família só tem negão descendente direto de africano, e fazer um cara travestido não é fácil. Beijar um cara também foi um desafio. Ainda bem que foi o Porchat, um amigo, assim meu nome fica limpo na praça. Me joguei no personagem, me joguei nos braços do Porchat”, revelou descontraído o ator.

LG Tubaldini, apelidado de Tuba, esclareceu o filme. “A ideia surgiu cerca de três anos atrás. Buscávamos algo que se identificasse com o público. Estudamos também o pessoal que faz concurso, uma multidão de 12 milhões de pessoas”, afirmou. Pedro disse estar extremamente realizado. “A impressão é que todo mundo ficou muito feliz ao fazer as filmagens. Acima de tudo, a gente se divertiu”, completou o diretor.
                                                
09/07/2013